Pessoas acometidas por hanseníase em Rondônia participaram, nos dias 13, 14 e 15 de dezembro, em Porto Velho, do 6º Encontro Estadual do Grupo de autocuidado em Hanseníase, que este ano, devido ao contexto da vulnerabilidade ocasionada pela pandemia do coronavírus, trouxe como tema principal, a saúde emocional. No total, cerca de 30 pessoas participaram do evento. O encontro é realizado uma vez por ano e esta edição reuniu pessoas de Porto Velho, Monte Negro, Ariquemes, Pimenta Bueno e Rolim de Moura.
O grupo de autocuidado existe há seis anos e entre seus objetivos está o de promover integração entre os participantes. Para o diretor-geral da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), Gilvander Gregório de Lima, é uma oportunidade para que as equipes de saúde ouçam os relatos dos pacientes, para que juntos possam trabalhar políticas públicas em benefício do grupo.
“Os técnicos falaram sobre temas importantes e posso destacar o acolhimento, que é algo tão importante no enfrentamento dessa doença que é milenar, mas que infelizmente ainda acomete muita gente e o pior, é estigmatizada. Por isso temos que ter equipes bem preparadas para acompanhar os pacientes no amplo sentido”, disse Gregório.
Edivânia Silva Vaz, 43 anos é do município de Ariquemes e participa do encontro desde a 1ª edição, em 2017. Garante que aprova a iniciativa, principalmente por permitir aprendizado. “Os profissionais nos ensinam a interagir mais com as outras pessoas. Conversamos bastante e trocamos experiências, apoiamos uns aos outros”, diz.
Em Ariquemes, Edivânia trabalha como diarista, mas nas horas vagas também é artesã e faz parte do projeto Art’s Biohans. “O artesanato uso como uma terapia, me ajuda a distrair no pouco tempo que tenho”, afiança.
A coordenadora de Hanseníase da Agevisa, Albanete Mendonça, explica que o foco do evento foi a temática saúde mental, mas os assuntos discutidos perpassaram por todo o autocuidado necessário para o enfrentamento da hanseníase. “Como a doença é incapacitante é importante a realização dessas atividades. Os pacientes têm uma vida difícil, por isso é preciso todo cuidado para prevenir e reparar danos emocionais e físicos”, destaca.
Também foram trabalhadas questões como autoestima, ajuda mútua, assuntos relacionados ao projeto Art’s Biohans, acolhimento e direitos da pessoa acometida pela doença.
A coordenadora estadual de Hanseníase no Ministério da Saúde, Carmelita Ribeiro Filha Coriolano, falou sobre a importância do registro de práticas discriminatórias contra à pessoa acometida da hanseníase. “A prática discriminatória existe pela falta de informação por parte das pessoas, mas não conseguimos fazer o enfrentamento se não tiver registro. É muito importante que o paciente denuncie para à Ouvidoria do Sistema Único de Saúde (SUS), para o Observatório ou ligue para o número 136. Não podemos deixar impune qualquer tipo de prática discriminatória”, orienta.
As denúncias são geralmente apresentadas ao Observatório Nacional de Direitos Humanos e Hanseníase.
Hellen Xavier, coordenadora de projetos da NHR Brasil, ressaltou a importância do evento anual. “Os encontros fortalecem e permitem aprendizado mútuo. Têm um significado importante para quem adoece de hanseníase, sem contar que atenua o olhar para a realização de projetos que promovam políticas públicas”, frisa.
A coordenadora explicou ainda que o enfrentamento à hanseníase em Rondônia inspira grupos de outros estados. “A implementação dos projetos e os encontros nos permitem enxergar os pacientes em sua integralidade. Ouvimos relatos e histórias de superação. Rondônia possui muitas histórias inspiradoras, o projeto Art’s Biohans, por exemplo, está servindo de referência para que outros estados desenvolvam também”.
O projeto Art’s Biohans contribui para que as famílias se restabeleçam de maneira socioeconômica, por meio da produção e comercialização de biojoias.
Participaram do 6º Encontro Estadual do Grupo de autocuidado em Hanseníase, técnicos do Hospital Santa Marcelina, da Agevisa e da ONG NHR Brasil, parceira do projeto Art’s Biohans.
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