Adoradores do samba, como eu, comemoram a chegada de um livro inspirador, que conta a trajetória de verdadeiras rainhas na arte da resiliência e que mostram como o talento é capaz de vencer qualquer preconceito. “Canto das Rainhas” (Ed. Agir) mostra como Alcione, Beth Carvalho, Clara Nunes, Dona Ivone Lara e Elza Soares trilharam seus caminhos de que forma influenciaram a cultura do nosso país como um todo.
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Machismo, racismo e desconfiança foram barreiras que todas superaram e que, a partir do olhar apurado do jornalista Leonardo Bruno, ganharam uma narrativa atraente e convincente, capaz de inspirar até quem não é fã do samba (ou, como diria João Gilberto: ‘Quem não gosta de samba; Bom sujeito não é; É ruim da cabeça; Ou doente do pé’).
A obra ainda reúne informações preciosas sobre suas antecessoras, de outras representantes de sua geração e sobre sambistas que, direta ou indiretamente, sofreram sua influência. De Tia Ciata a Mart’nália, de Chiquinha Gonzaga a Leci Brandão, de Clementina de Jesus a Fabiana Cozza, muitas são as artistas homenageadas nessas páginas. “Canto das Rainhas” inclui texto de orelha de Teresa Cristina, prefácio de Flávia Oliveira e ilustrações de Vanessa Ferreira, conhecida nas redes sociais como Preta Ilustra.
Com uma prosa saborosa, o autor construiu um retrato da música brasileira nas últimas décadas e mapeou o caminho que o feminino percorreu nesse cenário até então dominado pelos homens. Ao lançar seu olhar afiado sobre as vivências das personagens do livro, celebra então suas lutas e conquistas que abriram a porta para um sem número de artistas poderem viver de música.
Em seu trabalho de pesquisa para preparar essa obra, Leonardo fez inúmeras entrevistas, leu jornais de época e, com rara habilidade, escreveu um livro único, digno da carreira e vida dessas divas da música.
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