Um projeto voltado à reabilitação socioeconômica de pacientes com hanseníase tem feito a diferença na vida de muitos rondonienses. No último sábado (11), foi realizado no shopping de Porto Velho, na Capital um desfile para divulgar as peças produzidas por pessoas acometidas pela hanseníase e que fazem parte do projeto Art’s BioHans, desenvolvido em parceria com o Governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa), e a Organização Não Governamental (ONG) NHR Brasil.
Na oportunidade, na passarela, modelos exibiram biojoias como colares, brincos e pulseiras produzidas com matérias-primas genuinamente rondonienses, confeccionadas com as mais diversas sementes de plantas nativas.
A artesã Nelci Valentin da Silva, viu a oportunidade de expor parte das peças artesanais e delicadamente produzidas por ela na passarela e ainda ter uma renda. “Estou participando deste evento. Fui convidada para expor as biojoias que eu confeccionei; é motivo de orgulho. Eu fui acometida pela doença em 2015, iniciei o tratamento e com o projeto Art’s BioHans aprendi um trabalho que me trouxe até aqui”.
Ela comenta que com o projeto ganhou fôlego para superar a doença e ir além, aproveitando a oportunidade para aprender uma nova profissão, que ainda gera renda para a família. “Esse é um projeto muito importante para gente, que fica sem motivação. No projeto, temos a oportunidade de fazer os cursos, aprender coisas novas e ter uma forma de agregar dinheiro à renda familiar, porque geralmente a gente fica desempregada”, conta a artesã.
“É um projeto de reabilitação socioeconômica, de inclusão social de pessoas com história de hanseníase. O objetivo, além da geração de renda, é também melhorar a autoestima das pessoas com a doença, um mal estigmatizante e muitas vezes negligenciado, pois atinge principalmente pessoas economicamente desfavoráveis”, destaca a coordenadora estadual do Programa de Hanseníase da Agevisa, Albanete Mendonça.
“Essa parceria tem rendido frutos em Rondônia. Uma parceria inclusiva, muito produtiva e que hoje estamos aqui celebrando este momento e a vida. Juntos, estamos formando essa grande força de inclusão, em que o cidadão está sendo beneficiado e por isso essa parceria deve ser duradoura”, garantiu o diretor-geral da Agevisa, Gilvander Gregório de Lima.
A NHR Brasil, é uma ONG de origem holandesa, mas atuante em todo o Brasil com projetos voltados para a inclusão e reabilitação social e econômica. “O apoio da Agevisa é essencial para o desenvolvimento do projeto em Rondônia. Essa é uma ONG com sede em Fortaleza (CE), mas que apoia projetos no Brasil inteiro. São projetos voltados ao estigma, ao desenvolvimento inclusivo e voltados à reabilitação sócioeconômica”, explica a coordenadora de projetos da NHR Brasil, Marize Ventin.
A coordenadora de Projetos da Ong disse ainda que em Rondônia, à realidade local foi moldada a partir dos Grupos de Auto Cuidado (Gacs), com a promoção de reuniões mensais entre os pacientes e também com familiares. “O projeto nasceu por meio desses grupos, onde sentiu-se a necessidade de que esses pacientes tivessem a oportunidade de gerar renda. Com a doença, muitos foram demitidos por conta da dor, porque não conseguiam fazer as atividades laborais no tempo que as empresas esperam. Para a inserção desses pacientes no mercado de trabalho, foram realizadas oficinas voltadas à produção de alimentos, sucos naturais, bolos e produção de biojoias com matérias-primas de Rondônia”, detalha.
SOBRE A DOENÇA
A hanseníase é uma das doenças mais antigas com casos registrados no mundo. Antigamente conhecida como lepra, é infecciosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae ou bacilo de Hansen. Atinge a pele e os nervos e quando o diagnóstico é tardio, as pessoas acometidas podem apresentar incapacidades físicas.
Os sintomas incluem sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades; manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com alteração da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; áreas da pele aparentemente normais que têm alteração da sensibilidade e da secreção de suor; caroços e placas em qualquer local do corpo e; diminuição da força muscular (dificuldade para segurar objetos).
A doença tem cura e o tratamento é gratuito, por meio das unidades de saúde. “O Brasil é o segundo país em número de casos, só perde para a Índia. Uma doença como essa, é importante ter parceiros contribuindo para que a gente trabalhe não apenas com o diagnóstico precoce, mas também com a reabilitação socioeconômica, inclusão social e oportunidades para essas pessoas. O Estado tem parcerias importantes nesse sentido e um exemplo é a NHR Brasil, que idealizou esse projeto junto conosco”, finaliza Albanete Mendonça.
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