Maurílio, que faz dupla com Luiza, está internado desde 15 de dezembro após sofrer um AVC – ataque vascular cerebral. De acordo com um dos últimos boletins emitidos pela equipe responsável pelo artista, no momento, ele está lidando com um edema cerebral .
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Para saber mais sobre a enfermidade que afeta o cantor, o Portal iG conversou com exclusividade com dr. Eduardo Estephan, médico neurologista do Ambulatório de Miastenia do Hospital das Clínicas e do Ambulatório de Doenças Neuromusculares do Hospital Santa Marcelina, ambos de São Paulo. Confira o papo na íntegra:
O que é um edema cerebral?
“O edema cerebral também é conhecido como inchaço do cérebro. O inchaço é uma resposta comum do corpo à lesão. Por exemplo, quando torcemos o tornozelo, ou batemos alguma região do braço, é comum haver um inchaço depois de estabelecida a lesão. O edema cerebral é uma condição com risco de vida causada pelo acúmulo de fluidos no cérebro, levando a um aumento do seu volume. O cérebro está localizado dentro de um compartimento rígido, feito de osso, Assim, aumento de tamanho do cérebro pelo edema é ameaçador à vida, pois suas estruturas acabam sendo comprimidas pelos ossos da calota craniana, com consequente aumento da pressão dentro do crânio. O aumento da pressão intracraniana, quando ultrapassado um certo limite, pode reduzir o fluxo sanguíneo cerebral e diminuir o oxigênio que o cérebro recebe. Essa falta de oxigênio costuma levar a mais lesão cerebral, e lesão cerebral leva a mais edema. Quando atingido esse ponto, estabelece-se um ciclo de aumento progressivo da pressão intracraniana. Essse processo pode levar a morte cerebral, quando a pressão atinge um nível que impede totalmente a pasagem de sangue para o cérebro”.
O que pode gerar um edema cerebral?
“Existem vários fatores que podem causar o inchaço do cérebro. Na verdade, qualquer lesão muito extensa pode teoricamente levar a esta condição. Entre as causas mais comuns, destacamos: traumatismo craniano, ou seja, contato físico e as quedas podem causar inchaço no cérebro, principalmente em casos mais graves, em que há lesão de muitas partes do cérebro; Acidente vascular encefálico, especialmente um acidente vascular cerebral isquêmico extenso. Um derrame isquêmico ocorre quando há um coágulo de sangue entopindo uma artéria do cérebro, impedindo uma parte do cérebro de receber sangue e oxigênio. Isso pode fazer com que as células cerebrais morram e o cérebro inche em resposta à lesão. Infecções também podem gerar edema. algumas bactérias, ou mais raramente vírus, podem causar inflamação difusa do cérebro, com consequente inchaço, especialmente se não tratadas. Causas mais raras incluem: intoxicação por monóxido de carbono, altitudes muito elevadas, exposição a alguns venenos ou algumas drogas ilícitas”.
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Quais são os sintomas?
“O edema cerebral pode ser de difícil diagnóstico sem testes adequados e uma avaliação completa. Existem alguns sintomas a serem observados após uma lesão ou infecção que podem indicar edema cerebral. Algumas indicações de edema cerebral incluem principalmente: dor de cabeça, tontura, náusea. Em casos mais graves de edema cerebral, outros sintomas podem estar presentes, incluindo: mudanca de humor, confusão mental, dificuldade de falar, incontinência urinária, dificuldade para enxergar, sonolencia excessiva, convulsão, fraqueza generalizada”.
Qual o tratamento para este tipo de enfermidade?
“As opções de tratamento visam restaurar o fluxo sanguíneo e oxigênio para o cérebro, reduzindo o inchaço e interrompendo seu ciclo de progressão. Também é importante abordar a causa subjacente para evitar maiores danos. Os tratamentos mais comuns são:
- Agentes osmóticos como manitol ou solução salina rica em sal ajudam a puxar líquido do cérebro para circulação, diminuindo o edema
- Hiperventilação faz com que você exale mais do que inspira, diminuindo a quantidade de dióxido de carbono na corrente sanguínea, diminuindo o edema cerebral.
- Hipotermia, que é a redução da temperatura corporal, diminui o metabolismo no cérebro, tendo efeito neuroprotetor, e também diminui atividade inflamatória, aliviando um pouco os processos que levam a progressão do edema. Embora tenha havido algumas histórias de sucesso com esse método, a hipotermia controlada ainda está sendo pesquisada.
- Derivação – colocação de um tubo (cateter) que funciona como um dreno, retirando líquor do cérebro e diminuindo o volume intracraniano, e consequentemente a pressão intracraniana.
- Craniectomia, que é a retirada cirúrgiaca da calota craniana, abrindo espaço para o cérebro inchar para fora, aliviando a compressão dele, e consequentemente diminuindo a pressão intracraniana. Esse tratamento costuma ser utilizado nos casos mais graves”.
Há algo que possa ser feito para evitar edema cerebral?
“A melhor forma de evitar o edema cerebral é evitar lesões extensas do cérebro. Uma vez que as condições que causam edemea cerebral já ocorreram, o mais indicado é iniciar o quanto antes as medidas de tratamento citadas”.
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