A essa altura, ano passado, Gilberto Nogueira já sabia que estaria no “BBB 21”. Ainda não era o Gil do Vigor, que passou a ser amado pelo Brasil durante sua participação. “Nem nos mais reveladores sonhos vi o que aconteceria na minha vida”, se emociona ele, que jura sentir saudade dos dias de ansiedade que antecederam o sim de Boninho: “Dá uma nostalgia gostosa, porque me lembro exatamente de tudo o que aconteceu antes de ir. E queria poder dizer para alguém que vai, como é”.
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As semanas anteriores ao confinamento não foram nada fáceis para Gil. Ele e a mãe pegaram Covid-19, e a incerteza falava mais alto. “Já tinha feito as entrevistas e esperava. Mas tinha muita convicção de que ia entrar. Só que não tinha dinheiro para nada. E precisei pegar dinheiro com meu orientador da faculdade para pagar minha inscrição na prova do PHD e para o teste de covid que a produção me pediu. E eu com medo danado de não me reembolsarem. Aí, eu estava lascado!”, recorda ele, que sustentava a família com R$ 2 mil da bolsa do mestrado.
Com dívidas, que para ele na época eram muito altas, Gil mal dormia ou comia. “Era muita ansiedade. E quando a produção ligava para dizer que tinha passado em outra etapa, mas que nada me garantia no programa, aquilo piorava”, conta. Até o dia que veio a última ligação: “Eles disseram que vinham aqui em casa gravar, mas que não podia estar ninguém. Eu fiquei assim, me tremia. E quando chegaram me disseram que eu estava no programa e já tinha que arrumar as coisas e ir. Mas minha malinha estava arrumada há muito tempo. Eu tinha a certeza”.
Um ano depois, Gil está no Brasil e vai acompanhar pela TV a entrada dos novos brotheres, até retornar aos EUA, ainda sem uma data específica. Ele jura que não sente ciúme dos novos participantes. “Não é ciúme, mas tem um apego. De tudo o que vivi ali dentro. Consegui, como disse que um dia faria se eu entrasse, mudar a vida de toda a minha família. Dar uma casa para minha mãe e uma para cada irmã, matriculei meus sobrinhos em bons colégios e se eu quiser parar de trabalhar hoje ainda vivo uns 50 anos com o que tenho. Mas não sou besta de ficar ostentando por aí, não. Até me dei uns luxos, como um tênis de R$ 15 mil, porque eu mereço, né, amiga?!”, avalia ele, que acredita que se fosse o vencedor não seguraria a onda: “Acho que Deus faz as coisas certas. Eu não teria a mesma disponibilidade da Ju (Juliette), eu colocaria sonhos, como o meu PHD, em risco, e não podia fazer isso. Ir para os EUA fez cair a ficha também. Lá eu não era o Gil do Vigor famoso. Eu era só mais um estudante, dormindo num colchão no chão e dividindo uma casa com desconhecidos. Foi sofrido. Me senti sozinho demais, chorei muito. Mas foi bom para amadurecer e me reconectar com as coisas que quero para mim, pensando em mim, só em mim”.
A única lacuna que não foi preenchida na nova vida foi a relação com o pai. Gil, o filho, e Gil, o pai, até se encontraram. Mas ficou nisso: “Ele me pediu que não citasse mais o nome dele em entrevistas, que não se sentia bem e que não queria nada de mim. Meu pai, infelizmente, tem os problemas dele e eu não insisto mais. Não vou mentir: ajudei minha família, menos ele. Se um dia souber que ele precisa, aí, sim, pode ser. Mas nossa relação é essa. Ele lá e eu cá. Como sempre foi”.
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