“O sonho não acabou”, o desabafo é do presidente da Associação dos Ferroviários da Estrada de Ferro Madeira Mamoré (ASFEMM), José Bispo de Morais, 83, ao se referir a mais um episódio alusivo à nacionalização do complexo pelo governo brasileiro.
Mesmo recheada de polêmicas, à parte, as histórias que cercam a Ferrovia Madeira Mamoré tem nas datas de sua idealização, construção e conclusão do projeto que visava escoar a produção de látex e a integração da Bolívia ao Oceano Atlântico, “mais fatores positivos que negativos”, admitem dirigentes da entidade.
E é por conta de toda uma história relevante ao povo rondoniense que, “ferroviários e seus remanescentes, lutam ainda hoje para manter vivas as chamas que envolvem o maior expoente histórico, cultural e patrimonial de nossa gente, a Estrada de Ferro Madeira Mamoré desde os limites da cidade de Guajará-Mirim”, enfatizam Bispo de Morais e George Telles (O Carioca).
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Para não deixarem passar em brancas nuvens o dia 10 de Julho de 1931 é que, mais uma vez, apesar as dificuldades e do descaso das autoridades ligadas à defesa do patrimônio ferroviário nacional, que, “a ASFEMM pretende realizar uma bonita festa na próxima terça-feira, 10, por ocasião de mais um aniversário pelo dia que se deu a Nacionalização da EFMM pela União Federal”, completou o octogenário ferroviário Bispo de Morais.
Em busca do sucesso de mais um evento alusivo a essa data comemorativa que, os ferroviários em peso, por suas próprias pernas, apoiadores e parceiros, devem reunir grande público ao largo da Estação Central dos trens ao som da sirene e dos apitos da Litorina sob os trilhos.
– A Banda de Música da 17ª Brigada Militar, além de queima de fogos e um pequeno buffet, alinhado à essa época, vai ditar o tom da alegria destinada ao público durante a programação, anunciou Bispo de Morais.
Também é previsto durante as comemorações do Dia 10 referente á nacionalização da EFMM, a leitura de documentos inéditos em poder da Associação dos Ferroviários, fruto da cobiça interna e externa, em que “fatos históricos podem ser revelados”, entre os quais, destacam-se sequestros e furtos de locomotivas, além de peças do rico acervo cultural da EFMM ainda não recuperados, mas em ugar incerto e não sabido.
Faz parte, ainda, da programação oficial, além do repertório inédito pela Banda de Música da 17ª Brigada, a reiteração do pedido da ASFEMM ao ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, em favor do urgente tombamento e da reativação da EFMM da Vila Santo Antônio a Guajará-Mirim, cujo processo já está em andamento junto ao IPHAN de Rondônia sob a chancela da Presidência da República, sob o número 1819-T-17, de autoria do Vice-Presidente da ASFEMM, George Telles (O Carioca).
Foi em 10 de julho de 1931 que, a não menos famosa “Ferrovia do Diabo”, cantada e decantada por expoentes da historiografia ferroviária nacional, entre os quais, os escritores Márcio Souza – do lado amazonense e Francisco Mathias, por Rondônia – “recebeu sua certidão à eternidade”, apesar de sua extinção nos anos 1972.
Na esteira ao longo da história que envolve o mito que é ainda hoje a “Estrada de Ferro de Ferro Madeira Mamoré”, sobretudo em meio a estudantes jovens e estudiosos, além do tombamento do trecho de Santo Antônio à cidade de Guajará-Mirim, na divisa da fronteira binacional com a Bolívia, vale salientar sua importância para a economia e à geopolítica, à época, para a Bolívia, Brasil e Estados Unidos com a assinatura dos Tratados de Ayacucho em 1867 (deu origem à construção), o da Navegação e Construção de Via Férrea, de 1882 (permitiu a construção de portos aos Vapores e a demarcação da área construída) e o de Petrópolis, que obrigou o Brasil a construir a Estrada de Ferro Madeira Mamoré, em definitivo.
Fonte: Assessoria de Imprensa
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