Em novo depoimento à PF, Henrique Valladares afirmou que contratação para consórcio não aconteceu, mas que foram feitos pagamentos ‘regulares’ ao sobrinho do peemedebista.
O ex-executivo da Odebrecht Henrique Valladares afirmou em depoimento à Polícia Federal que o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) pediu que a empreiteira contratasse um sobrinho seu para as obras do consórcio da Usina Hidrelétrica Santo Antônio, no Rio Madeira.
Ex-executivo da empreiteira e delator, Valladares disse que o sobrinho do parlamentar, Assis Raupp, não foi contratado, mas que recebeu “pagamentos regulares” do consórcio formado pelas empresas Odebrecht e Andrade Gutierrez.
O delator não soube informar os valores pagos nem por quanto tempo ocorreram, mas disse que “eram inferiores a R$ 10 mil”. Valladares afirmou à PF acreditar que “os pagamentos destinados a Assis Raupp, com ou sem prestações de serviços, ocorreram para atender a um pedido de Valdir Raupp.”
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A assessoria do parlamentar disse tratar-se de “mais uma ilação desse delator” e afirmou que “o senador Valdir Raupp informa que não tem conhecimento sobre o pedido de contratação e nem dos pagamentos regulares citados pelo delator.”
As informações constam de um depoimento prestado na última semana pelo ex-executivo da Odebrecht no inquérito que investiga o senador.
Segundo Valladares, o pedido foi feito por Raupp a um outro executivo do consórcio, José Bonifácio Pinto Junior. Ele não é delator, mas Henrique Valladares informou em seu depoimento que Bonifácio e outros dois dirigentes do consórico negociam com o Ministério Público para aderir ao acordo de leniência assinado com a Odebrecht.
Inquérito
O senador Valdir Raupp é suspeito de receber dinheiro relacionado à execução das obras da hidrelétrica.
Valladares e um outro delator, Augusto Roque Dias, disseram ao Ministério Público que houve “pagamento de vantagens indevidas em favor de funcionários de Furnas, especialmente Márcio Porto (Diretor de Construção) e Mário Márcio Hogar (Diretor de Engenharia)”.
Ainda segundo os delatores, o Grupo Odebrecht e a Construtora Andrade Gutierrez assumiram o compromisso de pagar até R$ 20 milhões, “conforme a necessidade”, e um dos destinatários era o senador Valdir Raupp.
Os pagamentos foram implementados por meio do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, mais conhecido como “setor de propinas” da empreiteira, e os citados receberam os apelidos de “Flamenguista” (Mário Porto), “Tricolor” (Mário Márcio) e “Alemão” (Valdir Raupp).
À época, o senador afirmou que recebeu com tranquilidade a sua citação, “baseada em declarações de delatores que no desespero falam e ninguém pode impedir”.
“Este será o momento que o senador terá para provar que as doações legais destinadas ao Partido foram declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral”, disse a assessoria do peemedebista.
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