Paulinha Abelha foi celebrada em vida. E ela sabia disso. Seu nome virou um dos hits do Calcinha Preta, que, a cada apresentação, cantava sobre a mulher mais amada e a mais linda do show, que se casou com outro, enquanto a artista desfilava graciosa pelo palco agradecendo o carinho do público. Com a morte da cantora, no último dia 23 de fevereiro, por insuficiência renal , essa mesma canção ganhará novos ares de homenagem. A faixa será um dos destaques do DVD ainda inédito, com imagens feitas em dezembro, em um show em Belém, no Pará.
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“A música “Paulinha” sempre foi uma homenagem a ela. Confesso que tem sido muito difícil revisitar essas imagens. Quando cheguei ao estúdio, me deu vontade de chorar. Paulinha estava tão linda nesse dia. A ficha ainda não caiu. Mas me seguro, pois sei que preciso finalizar esse trabalho para continuar o legado dela”, diz, com a voz embargada, Felipe Marques, empresário da banda.
O projeto está previsto para ser lançado ainda neste mês, como já aconteceria “antes mesmo da tragédia”, explica Felipe. O mês também representará a volta do Calcinha Preta aos palcos, e com uma nova marca: agora, o logotipo do grupo traz a imagem de uma abelhinha, também uma homenagem à artista. “Um gesto de respeito, amizade, reconhecimento e saudade. Paulinha seguirá com a gente”, postaram nas redes.
Nesta preparação para a retomada dos trabalhos, a conversa entre todos tem sido constante. E com apoio psicológico para os integrantes do grupo, que estão sendo acompanhados por um terapeuta.
“Estamos sentindo os cantores e falando sobre os sentimentos. Eles terão um acompanhamento com psicólogos. A gente sabe que o primeiro show será o mais difícil. Não dá para marcar uma data sem saber se a voz vai sair, se eles estarão descansados. A vida tem que continuar, é assim que se ameniza a dor”.
O grande impacto causado pela perda da artista, de 43 anos, também tem a ver com o longo tempo de estrada dela. Fundado em 1993, o Calcinha Preta já teve diversas formações. Desde 2018, mantinha o quadro com Daniel Diau, Silvânia Aquino, Bell Oliver e Paulinha Abelha. Todos esses artistas já tiveram passagens diversas e de longa duração no grupo. Além disso, já trabalharam juntos em diferentes projetos.
Já Paulinha entrou no Calcinha em 1998, por indicação de Diau, que a conhecia havia três anos, do grupo Panela de Barro. Silvânia se juntou aos ícones do forró nos anos 2000. Bell veio oito anos depois. Em 2016, o trio mais antigo deixou o grupo para um projeto em conjunto, o Gigantes do Brasil. Um ano mais tarde, Paulinha e Silvânia formaram a própria dupla. O retorno ao grupo dono dos estourados versos “você não vale nada, mas eu gosto de você” se deu em 2018.
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“Cada um tem sentido o luto de uma forma. Para mim, por exemplo, é como se ‘minha irmã’ tivesse ido viajar para bem longe, mas uma hora ela vai voltar. Daniel fala o tempo todo que a ficha não caiu. Silvânia, pelo amor de Deus, não está conseguindo dormir há dias”, diz Felipe.
E por isso, juntos, eles decidiram não substituir Paulinha Abelha. “Ela é insubstituível. Quando assumimos o controle da banda, em 2018, o Calcinha Preta passava por uma crise, e a gente fez tudo para trazer de volta os nomes que eram a cara do grupo. Primeiro, veio Daniel e já causou um rebuliço. Mas quando voltaram Paulinha e Silvania, aí foi o estouro. Paulinha não era só a voz, mas também o carisma, a personalidade da banda. Nos shows, falava com o público. Nas relações com a imprensa, ela é quem dava as caras”, recorda o empresário.
Sonhos
Profissionalmente, Paulinha Abelha conseguiu realizar muitos sonhos. Ganhar prêmios foi um deles. Em 2009, a música “Você não vale nada”, trilha sonora de “Caminho das Índias”, marcou o auge nacional do Calcinha Preta. A trupe levou os troféus de Música do Ano, no Melhores do ano do “Domingão”; Melhor Tema Musical, no Prêmio Extra; e Melhor Música, no Troféu Imprensa, do SBT.
“Foi um momento em que a banda ‘abocanhou’ tudo. E esse era um sonho de Paulinha, que eles realizaram juntos”, relembra Felipe, que ainda não empresariava o grupo na época, mas sabe sobre todos os prêmios conquistados.
A morte precoce, no entanto, não permitiu que Paulinha realizasse um sonho da vida pessoal: a maternidade. Ela e o marido, Clevinho Santos, já tinham até escolhido possíveis nomes para o bebê: Luna ou Lohan. O dançarino está inconsolável.
“Acho que ele é quem mais tem sofrido, sabe? Os dois eram muito ligados. Ele a acompanhava em todos os shows, ensaios. Estavam juntos 24 horas por dia. É um menino de ouro. Estamos dando todo o suporte”, conta o empresário.
Mas se ela não se tornou mãe, sempre foi filha zelosa cuidando do pai, Gilson, o Seu Abelha, que tem Alzheimer. A artista se dividia nessa função com suas duas irmãs. E o patriarca, que deu o apelido a Paulinha e a acompanhava nos shows sempre que possível desde o início da carreira, não foi comunicado sobre a morte da filha:
“Paulinha foi uma mãe para o próprio pai. A gente sabia desse amor que ela tinha por ele, e vamos continuar ajudando no que for preciso. Vamos fazer tudo por ela”.
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