Poucos meses antes de morrer, Elza Soares resumiu os 91 anos de idade em uma frase: “Deus escreve certo por linhas tortas. A minha foi escrita por pernas tortas”. A fala surgiu em um dos depoimentos exclusivos da cantora para o documentário ‘Elza & Mané – Amor Em Linhas Tortas’, da Globoplay, que estreia nesta sexta-feira (4).
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O lançamento da série de quatro episódios ocorre 60 anos após o início da relação e da conquista do bicampeonato mundial da seleção brasileira, que teve Garrincha como protagonista e Elza como musa inspiradora do jogador. O documentário conta a ida da cantora ao Chile para uma temporada de shows na mesma época da Copa do Mundo e como os dois aprofundaram a relação na viagem.
Os dois, gênios em suas áreas: da música e do futebol, eram jovens negros, de origem pobre e nascidos na década de 1930. A série conta como Elza sofreu por ser considerada culpada pelo fim do casamento de Garrincha e também por ser responsabilizada pela decadência do craque nos anos seguintes.
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O casamento dos dois também passou pelo alcoolismo, machismo, preconceito, conservadorismo, violência doméstica, ditadura e grandes perdas. Por coincidência, os dois morreram na mesma data, anos depois. Ele em 20 de janeiro de 1983, ela, 39 anos mais tarde, em 2022.
“Imagine como o Brasil reagiria hoje se o melhor jogador de uma Copa vencida pela Seleção começasse a namorar fora do casamento uma estrela de primeira grandeza da música brasileira. Foi isso que aconteceu em 1962 com Elza e Mané. E aquele Brasil conservador, que estava prestes a entrar em uma ditadura militar, reagiu mal a esta união”, diz Gustavo Gomes, gerente de formatos do Esporte da Globo.
Cada episódio tem cerca de 50 minutos, e cada um mostra parte do casamento. Desde o início da paixão, a forte reação da opinião pública àquela união, a vida de exílio em Roma, a amizade com o casal Chico Buarque e Marieta Severo, a decadência da carreira de Garrincha, a relação cada vez mais abusiva com o álcool, as agressões em casa até a separação do casal. Além disso, o documentário fala sobre as mortes de Mané e do único filho do casal, com apenas nove anos.
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