Lauana Prado retomou as raízes sertanejas e se reconectou em ‘Natural – Ao Vivo em Tocantins’. O novo álbum, que teve metade do projeto lançado em outubro de 2021, tem o trabalho completo que estreia nesta quinta-feira (10), em conjunto com uma série documental sobre o processo do disco.
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Terceiro álbum da carreira, a cantora decidiu se reconectar às raízes sertanejas e à criação e crescimento em Araguaína, Tocantins. Em entrevista ao iG Gente, a artista explica a importância de ter voltado para casa para produzir o disco.
“A ideia do projeto de retornar ao Tocantins foi de resgatar toda uma história, uma construção de vida e de carreira do meu passado até hoje. A parte musical teve esse conceito, o ‘Natural’ foi vislumbrado em um momento delicado e ao mesmo tempo me deu a possibilidade de olhar minhas origens e me reconectar com tudo o que construí até hoje”, conta.
Para a cantora de hoje, a visita ao passado deixa a Lauana que tocava em barzinhos muito feliz. “Quando estamos lá atrás e vislumbramos o hoje, sonhamos e desejamos. A Lauana dos barzinhos e da noite iria ter muito orgulho: ‘cê conseguiu hein garota, você é danada’, é essa vibe. O Brasil é muito grande e as oportunidades afunilam, temos que lutar muito. Ao longo dos 16 anos de carreira eu tento trazer esse frescor para a indústria e é o mais legal para quem acompanha”, diz.
A produção do álbum, feita em conjunto com o documentário, foi construída sem a certeza de que as músicas dariam certo, já que foi produzido na pandemia de Covid-19. “Sem os shows, parece que jogaram areia nos nossos olhos, em termos de referência. Com as apresentações, a gente mede o que funciona com o público. Lançamos ‘Zap’ com essa visão embaçada e ela vem me surpreendendo muito e me trazendo alegrias”, afirma.
No documentário, Lauana conta que mais de 50 músicas foram criadas nos dias em que se reuniu com amigos e produtores na Ilha da Gigoia, no Rio de Janeiro. No álbum, há apenas 17 músicas, mas Lauana conta que algumas ela pode gravar e outras já foram gravadas por outros artistas.
“Não sei até que ponto vou gravar parte delas, mas algo curioso a se dizer é que artistas tiveram acesso a essas obras. Uma das músicas que criamos, o Mumuzinho gravou. Dentro do repertório, ele pegou uma das canções que foram feitas, muitos autores distribuíram as músicas e acho que teremos muitos resultados desses dias que fizemos lá”, conta.
Repleto de feats, a música que mais superou as expectativas dela foi ‘Pedra e Água’, ao lado de Paula Fernandes. “A música é linda, tem um discurso e construção que conversa com a realidade. Não sei se pode ser um hit, mas tem uma qualidade artística e musical gigantesca. Dentro da proposta, a produção superou minhas expectativas”, conta.
“A ideia de fazer as colaborações é proporcionar aos fãs dos artistas que vieram, como Vitão e DENNIS, é de apresentar o meu trabalho com esses movimentos musicais”, afirma.
Lauana também conta que teve muita ajuda e parceria da namorada, Verônica Schulz. As duas, juntas há quase três anos, realizaram uma parceria tanto na produção do estilo do álbum, como em inspiração para músicas. “Ela assina meus looks, sempre está somando, nos projetos que faço ela assina, dá muito certo. Acredito muito no talento dela”, conta.
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Ao ouvir o álbum, é possível ver que Lauana conta histórias da própria vida. Em Mina de Ouro, ao lado de Dennis, ela confessa que Verônica fez parte da inspiração da letra. “Sim, ela é minha ‘Mina de Ouro’. Mas a música é também uma história do que eu vivi, da descoberta da minha sexualidade. Me relacionei muito com homens e quando eu entendi a minha bissexualidade, foi bem assim. Eu namorava homens de forma rasa e conheci uma menina que mudou minha visão de mundo”.
Da moda de viola ao feminejo pop
O novo projeto de Lauana é uma forma de reconectar a cantora ao sertanejo que a fez atingir o sucesso nacional. Como ela mesmo diz: dos barzinhos de Araguaína até o Grammy Latino. O álbum, com 17 músicas e pouco mais de 45 minutos é uma obra repleta de sofrência e músicas que prometem ser hit nas redes sociais.
Nas três primeiras faixas — Pegada Fraca, Terminou com Calma e Termina Comigo — a sofrência é lei. Lauana começa o álbum com músicas para dançar enquanto sofre pelo amado. Em Zap , que já atingiu o top 200 do Spotify, Lauana foge um pouco do sertanejo tradicional e mistura o ritmo com um pouco de pisadinha e forró.
Mas Lauana no álbum também se reconecta com aquela garota que tocava em barzinhos de Araguaína. A cantora trafega por músicas sertanejas mais próximas do pop, mas em algumas faixas, toca um belo ‘modão de viola’, como em Despercebida/Citação: Indiferença.
Apesar da mudança rápida entre atualidade e passado, a produção do álbum consegue contentar os que adoram sofrência, os que adoram moda de viola e os que querem dançar. A troca de ritmos é suave e ao ouvir o álbum, é possível sentir que Lauana volta às raízes que tanto busca. Com refrões fortes e melodias enérgicas, as músicas que ganham o imaginário do público facilmente, como a maioria dos hits sertanejos.
Sobre os feats, Lauana se coloca no ritmo do artista convidado, mas sem perder o protagonismo. Com Juan Marcos e Vinícius, ela faz um trio mais tradicional no sertanejo, já com Paula Fernandes em Pedra E Água , a sonoridade já relembra Roberta Miranda e o ‘modão’ feminino.
Em Injusto Demais , ao lado de Dilsinho, Lauana canta próximo do pop brasileiro, acompanhado até de uma guitarra. Ao lado de Vitão, a cantora quase sai totalmente do sertanejo e canta um reggae ao lado do cantor. O único ponto que relembra que a cantora é sertaneja é a sanfona e o ritmo no refrão.
No último feat, ao lado de Dennis, Lauana canta um funknejo envolvente falando sobre uma Mina De Ouro e como encontrou alguém que a conquistou, que relata parte da história dela como integrante da comunidade LGBTQIA+ e da bissexualidade ao conhecer uma mulher.
No conjunto, o álbum apresenta uma cantora eclética e que investiu em uma produção diversa para mostrar que a garota de Goiânia, criada em Araguaína, ainda existe apesar dos seis anos de carreira de sucesso.
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