Os exportadores, empresários e trabalhadores de Guajará-Mirim (RO) se reuniram para protestar contra um Tratado de 1990 assinado entre Brasil e Bolívia que entra em vigor nesta segunda-feira (14) e obriga as empresas da região a escoarem os produtos por uma única balsa pelo Rio Mamoré.
A aplicação da medida causou desconforto, revolta e muita reclamação de comerciantes dos dois países, que alegam que serão prejudicados direta e indiretamente devido ao alto valor das travessias e também pela burocracia para conseguir fazer as vendas e entrega de mercadorias.
Cerca de 300 pessoas se reuniram nas proximidades do Porto Oficial, ao lado do Museu Histórico Municipal. Na ocasião, os representantes das principais empresas exportadoras explanaram as consequências e enfatizaram que haverá demissões em massa caso a medida seja mantida.
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Para os empresários, as vendas serão impactadas porque as travessias ficarão mais caras e o processo burocrático para a entrega dos produtos será demorado, o que vai atrapalhar os negócios, consequentemente o faturamento mensal vai diminuir. Uma das principais reivindicações da classe é a melhoria da infraestrutura do Porto Oficial.
Segundo a Associação Comercial de Guajará, o serviço de exportação movimento em torno de 6 milhões de dólares por mês na região. O órgão estima que pelo menos 1,5 mil trabalhadores ficarão desempregados e que faltará produtos de diversos seguimentos na Bolívia.
Entenda como vai funcionar a medida
Em 1990 os governos do Brasil e da Bolívia assinaram um Tratado para que as exportações para o território boliviano fossem feitas exclusivamente por uma balsa regulamentada pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e não por barqueiros da região, além de registrar todas as mercadorias na Aduana boliviana.
Apesar de o Acordo Internacional ter acontecido na década de 90, ele jamais aconteceu de fato, já que as medidas contidas nele nunca saíram do papel e as travessias de mercadorias são realizadas por pequenas embarcações desde sempre.
Travessia de turistas
Mesmo com os protestos sendo feitos nos dois países, a travessia de turistas continua sendo feita normalmente e não houve impactos em relação as empresas que fazem este serviço pelo Rio Mamoré.
Trabalhadores e estudantes puderam atravessar para o território boliviano normalmente e não houve fechamento dos portos, nem no Brasil e nem na Bolívia.
Protestos na Bolívia
Desde que a validação da medida foi anunciada para entrar em vigor, os bolivianos não digerirem bem a possibilidade e um clima de tensão predominou em Guayaramerín, cidade que faz fronteira com Guajará-Mirim.
Os comerciantes, trabalhadores e os cidadãos bolivianos fizeram uma série de protestos contra a medida e ameaçaram fechar o porto caso a lei valesse.
Muitos brasileiros, que trabalham e estudam na Bolívia, ficaram em uma situação complicada, já que se realmente o porto for fechado, ninguém poderá entrar ou sair do país até que a situação seja resolvida.
Fonte: G1 RO
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