Em 2021, Rondônia atingiu um salto qualitativo na produção rural, tanto na pecuária quanto na agricultura, tendo o maior rebanho nacional dentro das áreas livres de febre aftosa sem vacinação, com mais de 15,1 milhões de cabeças no pasto. O Estado tornou-se referência em sustentabilidade, visto o avanço do setor pecuário sem prejuízos às áreas de conservação ambiental. As ações foram enumeradas pelo presidente da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril (Idaron), Júlio Cesar Rocha Peres, ao fazer um retrospecto destacando os esforços do Governo de Rondônia que possibilitaram uma projeção de destaque no cenário nacional.
Depois de muitos anos de luta e parceria entre Estado, produtor rural e demais instituições ligadas ao setor agropecuário, no dia 27 de maio de 2021, Rondônia alcançou conquistou a erradicação da febre aftosa. O ano que se finda, e no tocante ao setor agropecuário, foi especial de várias formas. “Essa foi a nossa maior vitória. Uma conquista histórica, Rondônia foi reconhecida mundialmente como zona livre de aftosa sem vacinação do rebanho bovino e bubalino”, destaca Júlio Peres.
O Estado também tem sido destaque no setor agrícola, com uma produção crescente de culturas que geram riquezas ao país, como a soja, o milho e o café.
O anúncio do novo status sanitário foi feito destacado em assembleia geral da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), na França, e trouxe a oportunidade de negócios. “O reconhecimento também impõe desafios. É preciso manter o rigor nos cuidados sanitários e o produtor rural passou a ter um papel ainda mais importante para garantir a manutenção desse novo status sanitário, porque, desde a suspensão da vacinação, as responsabilidades passaram a ser compartilhadas”, acentua.
Para reforçar esse compromisso e convidar cada setor a assumir seu papel na vigilância contra a aftosa, em outubro, a Idaron realizou o III Fórum Rondoniense que teve como pauta principal o tema: Responsabilidades compartilhadas. “Somos todos responsáveis pela segurança e sanidade de nosso rebanho”, enfatizou Julio Peres.
AVANÇO
Com o reconhecimento internacional, a pecuária ganhou mais força em Rondônia e, hoje, o Estado é uma grande potência produtiva de carne e derivados na Amazônia. Esse desempenho deve-se ao esforço do Governo de Rondônia que investiu no projeto de desenvolvimento sustentável para o setor, por meio da Agência Idaron. Nos últimos três anos foram mais de R$ 70 milhões aplicados na aquisição de veículos, para renovação e ampliação da frota, compra de um avião anfíbio, construção, ampliação e reforma de unidades e postos de fiscalização, e investimentos em tecnologia, como drones de alta performance e câmeras de visão noturna. “Só este ano, à Idaron, foram entregues um avião anfíbio, 17 caminhonetes e 11 vans escritório, customizadas”, informa Julio Peres.
Dentro das estratégias para vigilância contra a febre aftosa, a Idaron tem mantido parceria com diversas instituições, articulando uma rede integrada de vigilância passiva e detecção precoce de doenças em animais de produção. A iniciativa, nesse primeiro momento, é voltada aos profissionais autônomos, da rede privada e instituições públicas, da área de saúde animal e assistência técnica.
PREVENÇÃO
Em parceria com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) 45 técnicos da Idaron visitaram 405 pecuaristas, em Rondônia e no município de Lábrea/Amazonas, para traçar um mapa de biosseguridade dos rebanhos bovinos e bubalinos, contemplando quantidade de cabeças, medidas de manejo e perfis dos processos de produção, dentre outros.
E, para fortalecer a defesa sanitária nessa mesma região, a Idaron uniu forças à Agência de Defesa Agropecuária e Florestal do Amazonas (Adaf) e ao Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal do Acre (Idaf) para traçar estratégia conjunta de vigilância sanitária na tríplice fronteira. Dentre outras deliberações, as agências assinaram termo de cooperação para o compartilhamento de estruturas e banco de dados a fim de facilitar a troca de informações entre as entidades e permitir maior cooperação entre elas, no que se refere a fiscalização de trânsito animal.
BOLÍVIA
Na região da Bolívia, em apoio ao Serviço Nacional de Sanidade Agropecuária e Inocuidade Alimentar (Senasag), técnicos da Idaron estão realizando monitoramento e inspeção dos rebanhos, com exame de pata e boca, e combate à raiva dos herbívoros, por meio de vacinação contra a doença, bem como promovendo ações educativas a produtores rurais bolivianos.
Além de proteger os rebanhos, prevenindo doenças infecciosas que podem comprometer a segurança sanitária dos animais e causar perdas econômicas aos produtores, a cooperação entre a Idaron e Senasag reforça o programa sanitário boliviano.
INSPEÇÃO ESTADUAL
Neste ano de 2021, o Serviço de Inspeção Estadual (SIE) realizou a supervisão de todos os estabelecimentos registrados na Idaron, finalizou a minuta de alteração da lei e taxas de inspeção que será apreciada pelo Legislativo Estadual, treinou os fiscais com a finalidade de padronizar as ações de inspeção e realizou treinamentos para servidores que atuam diretamente nas indústrias. Atualmente, o Serviço conta com três estabelecimentos registrados junto ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI) e um em fase de finalização. Até o final de dezembro, serão quatro estabelecimentos com registro no SISBI.
CAPACITAÇÃO
Com o crescimento do setor, a Agência Idaron também capacitou técnicos para monitorar e prevenir ocorrências relacionadas a criação de abelhas, como forma de fortalecer a apicultura e a melicultura no Estado. E os investimentos em capacitação não pararam por aí, com apoio do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de Rondônia (SENAI-RO), foram capacitados 40 servidores da Agência, na pilotagem de drones e aeronave remotamente pilotadas. Qualificação também para mais 140 engenheiros agrônomos, das iniciativas pública e privada, para atuação no programa de ‘Certificação Fitossanitária de Origem-CFO’ do Mapa. “Com a diversificação da produção, é imprescindível que nossos profissionais estejam sempre se reciclando, num ciclo permanente de educação continuada”.
OUTRAS CADEIAS
A Idaron também realizou monitoramento sorológico da peste suína clássica. O trabalho, iniciado em julho está sendo concluído agora, em dezembro, como forma de garantir o status sanitário internacional, conquistado em 2016, de zona livre da peste suína. Outro setor que também tem recebido especial atenção da Agência é a piscicultura, fazendo com que Rondônia se destaque pela produção de tambaqui em regime semi-intensivo.
Nos últimos três anos, Rondônia ampliou a área destinada à piscicultura e, atualmente, conta com cerca de 16 mil hectares de espelho d’água, segundo a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Ambiental (Sedam). A atividade é mais latente em duas regiões produtoras: centro do estado, onde se concentram os pequenos produtores, e no Vale do Jamari, região em que há grandes empreendimentos, incluindo três indústrias de beneficiamento de peixe, duas delas em Ariquemes.
FITOSSANITÁRIA
O Governo do Estado reforçou as ações fitossanitárias na divisa com o Acre, após confirmação de foco de monilíase do cacaueiro em Cruzeiro do Sul. O trabalho, que objetiva impedir a disseminação da praga e proteger as lavouras de cacau e cupuaçu de Rondônia, é realizado por uma equipe técnica especializada, que foi formada em 2018, quando a Agência Idaron promoveu o ‘Curso de Emergência Fitossanitária’ e desenvolveu ‘Exercícios Simulados com Ênfase na Monilíase do Cacaueiro’. Além da fiscalização em veículos, de carga e passeio, os técnicos da Idaron visitam as propriedades produtoras das plantas do gênero Theobroma, como o cacau (Theobroma cacao L.) e o cupuaçu (Theobroma grandiflorum), para orientar o agricultor sobre as medidas sanitárias
Com a implantação de projetos voltados à revitalização da lavoura cacaueira no Estado, de iniciativa do Governo do Estado em parceria com entidades ligadas a cadeia produtiva do cacau, Rondônia voltou a tomar fôlego na produção da fruta. Hoje, segundo dados da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac), já são 12 mil hectares plantados em todo o Estado. Um dos fatores que tem favorecido o cultivo do cacau em Rondônia, é a ausência da ‘Monilíase do cacaueiro’.
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